sábado, 29 de dezembro de 2012

A vida e o fim do mundo que não acabou

"Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar"

Às vezes fico me perguntando o que os brasileiros querem da vida? Ando numa amnesia intelectual terrível. É tanta coisa para fazer, ler e comer que não consigo dar conta de nada. Aí, olho para o lado e vejo as pessoas reclamando, e nada de tomar providências, querem um país menos corrupto, mas de maneira genérica, somos corruptos e corruptores, a lá Machiavel.

Em 2012 tivemos, Rio +20, que nada resolveu sobre o aquecimento global, tivemos olimpíadas e o principal medalhista brasileiro encerra o ano sem clube para treinar, não quero nem comentar sobre a participação dos portadores de deficiência.

Tivemos estupros coletivos, assassinatos e muito, mas muito sensacionalismo. Vi até apresentador de TV bancar o juiz. Mas, o mais esdruxulo de tudo isso, é que durante o principal julgamento do crime organizado no país o que comoveu os brasileiros foi as maldades da personagem Carminha e as idas de Luiza pra o Canadá. E o mensalão que a retrospectiva 2012, da rede globo de televisão, anuncia em manchete os números das condenações resultou com prisão nenhuma e absolvição dos principais mandantes, enfim, todos são inocentes até que o judiciário decida o contrário, com a conivência da população que acata a corrupção, uma vez que ver o final de Carminha é mais importante que o futuro da nação.

Tivemos greves dos professores, que as autoridades baianas e uma parcela, ignorante, pra não chamar de outra coisa, colocaram esta categoria enquanto corruptores da ordem, subversivos, marginais e arruaceiros, afinal esta é uma profissão pra ser executada com amor. Peço que avisem isso aos bancos quando os professores forem quitar suas dívidas.

Ano em que Sandy, o furacão, arrasou Nova York, cidade de mais de vinte milhões de habitantes, e mais rica do planeta, noticiada em todos os canais de televisão nacional, enquanto o Nordeste brasileiro sofre a três anos com a seca, e as redes nacionais noticiam os apagões e o aumento no preço da cesta básica, como sendo falha humana, afinal são os engenheiros e técnicos das companhias hidrelétricas responsáveis por abrir as torneiras do céu e fazer chover. Enfim, o Brasil nunca cresceu tanto, o bolsa família até ameniza a situação da seca, mas não resolve o problema.

E tome PAC, Minha Casa Minha Vida, Todos Pela Educação, Programas de Combate a Pobreza, Aprovação das cotas para acesso as universidades, retorno as velhas oligarquias, fraudes no SUS, o caos do transporte público nas grandes capitais, aeroportos sucateados, e construção de estádios, arenas, preparação para copa e as olimpíadas, avanços e mais avanços.  Tudo para a copa, só estão se esquecendo de que essas coisas só duraram um mês.

Enfim, "o ano termina e nasce outra vez" e vamos aqui nessa pacta ordem de acessar o facebook, ligar o iphone, o tablet, e toda essa parafernália tecnológica que agente nem sabe pra que serve e que ao prazo de um mês vai pro lixo, por que já esta obsoleto. E o mundo vai acabar, só não vai ser em 2012.

Feliz ano novo!    

sábado, 27 de outubro de 2012

Por que escrevo 2

É preciso declarar o horror pelas coisas insanas que povoam meu viver. Não consigo entender a sociedade em que vivo, entendo sua complexidade, sua loucura, seu estresse, seu individualismo homogêneo que espetaculariza a cultura alheia, que pretere um filho e despreza outro, que ama e desama, que deixa de dizer: é crime, é errado, é mal, é feio tudo em nome do politicamente correto. 

Je déteste beaucoup au politiquement corect!! 

Digo isso, com a propriedade de alguém que se um dia perder a capacidade de indignar-se é por que morreu. Como estou muito viva, escrevo. Afinal, necessito estravar e a escrita é meu padre Mary. 

Bom, do que vou escrever hoje: Maturidade. Todos se perguntam o que é isso? Quando começa? Ou ainda de onde ela vem? Mas a verdade é que esta não começa, e nem vem do lugar oculto da natureza divina. É uma conquista do humano. É com perseverança e principalmente com as "porradas" que a vida nos dá que amadurecemos. Nos tornamos uma boa fruta de consumo aceitável por todos. 

Porém nossa sociedade ocidentalizada entende esse processo, ambíguo, complexo, dual, dialógico, surreal, real, objetivo e subjetivo como sendo fruto da aquisição de riquezas. O indivíduo maduro para o capitalismo é aquele que estabelece um padrão de vida ao modelo burguês e civilizado a la ocidentalização greco-romana-USA. É preciso ostentar restaurantes caros, carros caros, uma peça de roupa que daria para duas cestas-básicas para famílias que vivem com menos de um dólar/dia.

Mas, será que maturidade é isso? Realização Material? Penso que não. Então reivindico minha herança iluminista do "duvidar é preciso". Duvido que a riqueza material torne uma pessoa "madura", analisemos alguns casos. Lindsay Loham, ganhou seu primeiro milhão antes dos vinte anos, e perdeu a cabeça, afundou-se em drogas e escândalos que a levaram a prisão diversas vezes. Thor Batista, que atropelou e matou um pai de família enquanto brincava com seu carro novo. Ricos e "bem sucedidos"? Ou crianças sem limites. 

Pois é desse jeito que a maturidade chega. São limites, primeiro impostos pelos pais, depois pela escola, pela sociedade, e no âmbito filosófico, a vida. Roberto Carlos escreveu e cantou a maturidade de um jeito que acredito ninguém mais o fez. Ele diz que: 


Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou viver na solidão
É preciso ter cuidado
Prá mais tarde não sofrer
É preciso saber viver...

Toda pedra no caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mau existem
Você pode escolher
É preciso saber viver...

O que me leva a entender que essa tal maturidade é uma questão de escolhas. Aliás, todas as grandes histórias não são mais do que escolhas. Escolhas que mudaram sociedades inteiras, trouxeram liberdade e prisão, mal e bem, maniqueísmo que remonta a história humana desde a antiguidade. Somos humanos, portanto duais, e o que nos fará sentir-se maduros, se escolhermos caminhos que acalmem os anseios do coração. Não devemos maltrata-lo guardando aquilo que não nos deixa crescer como indivíduos. 

Se você tem grana pra ir ao melhor restaurante, comprar o melhor carro, vestir a roupa mais cara, lembre-se que você necessita do subjetivo chamado afeto, o qual nenhuma dessas coisas pode te dar, esse afeto é fruto de uma relação de duas pessoas, pois só entre pessoas pode se alcançar a maturidade. Então amadureça é seja a melhor e mais saborosa de todas as mangas, ou frutas que mais gostar. 

Simone dos Santos Borges
Historiadora, Educadora e Cientista Social em formação.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

E começou a putaria...

Pois é, já dizia minha vó, lá é igual cá.

Estamos em mais um momento da nossa pitoresca democracia, e Salvador tem sido uma belíssima comunidade para realizarmos estudos antropológicos. Afinal todos prometem, todos vão fazer, todos vão mudar, vão fazer melhorar e o paraíso vai se estabelecer na terra. Enquanto a impressa faz seu papel:
- Voto não é obrigação, é direito! (concordaria se este não fosse obrigatório e passível de punições como na nossa democracia)
- Não venda seu voto, pois é preciso pensar no futuro da nação.
- Votos brancos e nulos, não fazem diferença nas urnas. (mas expressam nossa indignação).

Enfim, os candidatos correm atrás da veiculação de suas imagens a celebridades políticas, quem sabe convence a uma parcela da população desiludida com esse direito, por que não acreditam mais que ele possa fazer efeito pra alguma coisa. Não vou negar os avanços que a sociedade civil, conquistou em prol da igualdade de direitos e da inclusão social, mas a democracia brasileira ao meu ver ainda esta longe de ser democrática.

Avançamos um passo, retrocedemos três. Aprovam-se leis, MP, decretos que garantem a cidadania plena de todos os cidadãos, mas sinto na pele que ela não é para todos. Tenho lido alguns textos sobre a questão da cidadania negra no pós abolição (primeiros anos do século XX) e vejo que já se passaram 100 anos, e ainda discutimos, sobre isso, e pouco avançamos.

Se as eleições fossem uma fada madrinha e pudesse fazer um pedido: Gostaria que as desigualdades sociais fossem amenizadas, as diferenças de sexo, cor, religião, classe, dentre outras, diminuíssem ou desaparecem por completos, que um modelo de sociedade utópico, como pensou Malthus no inicio da modernidade se configurasse, mas sem escravidão. O que acho que até esse desejo ficaria na utopia, pois a sociedade pós-moderna é ainda mais complexa que a moderna. Tá cada vez mais difícil as diversas identidades se harmonizarem.

Enfim, nos resta esperar pra ver no que vai dar, por que no caso da província chamada Salvador, não somos uma população dada a muitos enfretamentos e coisa tá cada dia mais feia. Um exemplo é o enorme engarrafamento que paralisou a cidade na noite de hoje (06/09/2012), as vésperas do dia da independência, resta nos adivinhar, que democracia, ou liberdades devemos comemorar? Se alguém souber, responde aí.

Simone dos Santos Borges

Historiadora, Educadora, Cientista Social (em formação)


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Infância Assassina

Todo mundo pensando em deixar um mundo melhor para nossos filhos. Mas quando é que deixaremos filhos melhores para o mundo?
Limites s.m. Linha que marca o fim de uma extensão.

Faz tempo que não publico no meu diário de bordo on line.
Estava a refletir sobre muitas coisas. Como vocês, que acompanham meus devaneios, sabem sou educadora.
É educadora, isso me utilizando do termo no sentido pedagógico dele, alguns dos meus nobres colegas dirão: que existe diferenças entre pesquisador, professor e educador. Bom eu devo discordar deles(as), sou as três coisas, e já me orgulhei muito disso.
Já me orgulhei de ser essa personagem, que na história possui um papel dicotômico: de reprodutor de um sistema altamente excludente como o nosso, e subversor da ordem. Devo confessar, ando na baila de uma linha tênue dessa dicotomia.
Afinal tenho me questionado sobre um sistema que investe, faz planejamento, orça, gasta, levanta dados, licita, promove, financia, e divulga um evento grandiosíssimo como a Copa do Mundo, mas que na hora de contratar os colaboradores pede que os mesmos executem trabalho voluntário. Será que a FIFA é uma ONG? Me desculpe aos que aceitaram tal honraria, mas é o cúmulo da alienação.
Professores colocados como inimigos da educação: - Olha sociedade, todos os professores, sem exceção, são os culpados da nota do IDEB na educação baixa ter sido ruim, por que eles fazem greve.
- Olha! Pais e mães a nota baixa que seu filho tira na escola, a culpa do professor, pois ele é muito bem pago (R$ 7,00 h/a, e recebe com atraso), e não dá aulas mais dinâmicas.
Como ser bons professores, como cumprir as metas, se além de mal remunerados o que nos é oferecido é um piloto seco, por que nunca tem refil, livro didático caduco, sulista e eurocêntrico, e um quadro que nem apaga mais de tanta tinta que agente mistura pra escrever. Ainda não tenho as habilidades de professor Chavier dos X-Mans, para mover objetos com a mente e projetar: internet, filmes, músicas, etc. nas cabecinhas da minha infância que está se tornando assassina cada vez mais cedo, dizem as estatísticas.
Por que será que a marginalidade cresce assustadoramente entre a infância brasileira, será que Nina Rodrigues estava certo, somos mestiços, biologicamente degenerados? É obvio que não.
Temos uma infância ilimitada, invertem-se os papéis, filhos que viram pais e pais que viram filhos. As crianças são compensadas pela ausência do pai e da mãe que precisam trabalhar para manter esse sistema, e essa elite econômica caduca, que vai ao shopping e se recusa a sentar no sanitário que a funcionária negra cagou e mijou, por que ela sente que seu cocô é melhor. É digno de uma privada de ouro.
Então, os pobres pais e mães, são obrigados a suprir os "maufeitos" de suas amorosas proles com mimos e inversão de papéis, algumas vezes no espaço doméstico, para justificar a riqueza que a nação produz, afinal estamos ficando cada vez mais ricos enquanto nação e indivíduos brasileiros, é preciso manter o ciclo e culpar os professores e a escola pública pelos "desandos" que o país enfrenta.

Simone dos Santos Borges
Historiadora, Educadora e Cientista Social (em formação).
  

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Por que escrevo?!

As vezes é difícil ler, as vezes é difícil até refletir sobre o que estou lendo. De uns tempos pra cá não consigo estudar nada, mas tenho uma ânsia terrível por aprender coisas novas e por escrever sobre elas. Tenho assistido muita televisão e navegado de horror na internet, tenho tido até grandes ideias, mas não tenho conseguido executar nada. 


No domingo (17/06/2012) jogando uma partida de buraco com meu namorado me surpreendo com o G-20, agora G-70, eu acho, quantos países temos afinal em desenvolvimento? Até esse dia só sabia da China, Brasil, Índia e África do Sul, será que apagaram da História os outros, ou eu que estou desinformada mesmo? 


O tal do Rio +20, fala-se de desenvolvimento sustentável, soluções para salvar o planeta da destruição ambiental provocada pelo super-aquecimento, mas sempre me perguntei o que é "desenvolvimento sustentável" mesmo? 


Dizem que tenho que gastar pouca água, produzir pouco lixo e reaproveitar esse lixo, que não posso comer hambúrguer, por que preciso comer alimentos saudáveis pra não ficar doente (leia-se gorda, pois temos um padrão de consumo alimentício, gestual, comportamental, sexual, religioso, moral, social, econômico, etc a ser seguido), que não podemos fumar, que as fábricas e carros devem ter filtro para não liberar CO2 na atmosfera, dizem que falta comida nos mercados brasileiros é por causa da seca no Nordeste,  que o problema do desemprego no Brasil, e sobretudo na minha região, a Nordeste, é devido a falta de mão-de-obra qualificada, que a solução esta na privatização, na construção de presídios, na construção de projetos arquitetônicos inteligentes e auto-sustentáveis, que precisamos aproveitar e criar energia limpa, e uma série de outras regras e normas que devemos seguir e que sempre me perguntei pra que elas servem.


A verdade do Rio +20 é que tem lá um milhão de ideias aplicáveis, baratas e sustentáveis, algumas custam caro, mas não para a população do planeta, e sim para os mega-empresários da indústria do consumo dessas normas e regras que citei no parágrafo anterior. Para eles a conta é altíssima, pois significa abrir mão, literalmente da produção da mais-valia e da exploração do homem pelo homem, e olha que nem tô falando aqui de criação de um modelo sistêmico com base numa pauta socialista. Estou falando de humanidade. 


Humanidade no sentido de que não importa nosso gênero, nossa cor, nossa religião, nossa nacionalidade, importa o que somos, e nessa conta ainda que tenhamos nossas particularidades, singularidades e individualidades existe algo que nos une enquanto espécie, a condição humana. 


Então, pensem o quanto é pesado pra mim ouvir que a alta de preço dos alimentos nos mercados brasileiros é por causa da seca no Nordeste Brasileiro, pois quem mais sofre com ela são os pequenos produtores, por que ao empresariado do agronegócio, os prejuízos são ínfimos, uma vez que a conta desse desastre natural quem paga somos nós, no momento em que eles, o empresariado do agronegócio, aumenta o preço dos alimentos e diz que a culpa é da seca que na verdade castiga mesmo é o pequeno agricultor e o produtor de subsistência. 


Que o problema do relatório final do Rio +20, não é por que o mesmo não contempla a demanda para salvação do planeta. Mas, sim por que nenhum capitalista que pagar a conta, ou seja, por que ninguém quer ter que mudar seu padrão de vida luxuosa, fútil e ostensiva. Afinal ouro é ouro, capim é capim e que me desculpe o greenpeace, a wwf, e outros organismos internacionais para salvação do planeta Terra e sua biodiversidade. 


Nosso país sedia um evento decisivo pra o futuro dessa biodiversidade, foi escolhido acredito eu por conta de sua posição política mundial, como possível líder desse G-20 ou 70, sei lá, mas sua principal demanda política é a construção de modernos "coliseus" para implantação da política dos cesares, numa alusão a Roma Antiga, é preciso prover o pão e o circo, afinal estamos em período de eleições municipais, também, é preciso garantir as bases políticas do governo da União daqui a quatro anos ou de tentar usurpá-lo (oposição). E quando penso então na organização do Estado local, no caso da Unidade da Federação Bahia, minha cabeça ferve, pois como diria um celebre jornalista: "isto é uma vergonha". 


A greve de professores(as) da educação básica é o pior exemplo dessa lógica desenvolvimentista que temos, já dizia meu professor de economina, o Sr. Demostines, este país é uma esculhambação por isso que nada aqui funciona ou dá certo. A Bahia é o estado que está com a construção do estadio para a copa de 2014 mais adianto, o governo se aplica nisso com afinco, mas só nisso, por que não há investimento em acessibilidade, de tipo nenhum, nem pra deficiente físico nem não deficiente, nenhum investimento em transporte público, saúde, quiça educação, nenhum tipo de investimento consistente para aproveitar esse evento e dá um salto quantitativo e qualitativo no crescimento econômico da região que se sustenta com o setor terciário. 


E por falar na greve dos(as) professores(as), recomendo esse videozinho que esta disponível no youtube 
http://www.youtube.com/watch?v=tZGeQ52vclw



E com a análise que fiz do mesmo para encerrar esse texto, o qual esta todo desconexo, pois é desse jeito que vejo as coisas na atual situação em que o planeta, e em específico meu país, se encontra: 
Já tinha escutado falar sobre esse vídeo. E devo confessar que me surpreendi com o grau de politização nele implícito, ele me dá um novo animo, faz crer que a profissão que escolhi e que me dedico com tanto zelo tem jeito. Ainda que seja utópico, quero e necessito que tenha jeito, pois amo o que faço e se estou hoje sem dar aulas é por que me recuso a viver da caridade dos donos de escolas particulares e das falcatruas na rede pública que me impendem de executar meu trabalho com afinco e dedicação. Gostaria que todos os (as) professores (as) se mobilizassem e parassem de aceitar o salário de fome que nos pagam, pois R$ 7,00 a hora aula é um absurdo, nenhum profissional de nível superior ganha só isso. Sei que é difícil, uma vez que entendo que Deus tem paciência, mas os os donos de bancos não. Só que se não começarmos a nos valorizarmos financeiramente o mercado nunca irá nos respeitar, é preciso que mostremos o quanto nossa profissão é valiosa, pois é isso que o mercado entende (lei da oferta e da procura), é preciso criar a demanda da educação, ou continuaremos vivendo no descaso profissional no qual estamos inseridos. Assim, faço um apelo a tod@s que tem filhos (as), sobrinhas (as), enfim, jovens em processo de formação em casa, NÃO DEIXE QUE ELES SE TORNEM PROFESSORES(AS), É PRECISO CRIAR ESCASSEZ DA MÃO-DE-OBRA, SÓ ASSIM OS EMPRESÁRIOS E GOVERNOS ENTENDERÃO.




Simone dos Santos Borges
Historiadora, Educadora e Cientista Social em Formação.


      

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A MULHER QUE DELINQUE: ROMPENDO COM O MODELO DE FEMINILIDADE



Por: Simone dos Santos Borges[1]

Resumo: Este artigo apresenta as categorias de analise do texto de Zelinda Barros “A mulher em manchete: perfil da delinqüente traçado por um meio de comunicação” na tentativa de explicar como eles foram construídos e como são utilizados pela sociedade no cotidiano para definir e explicar quem são as mulheres criminosas e os motivos que estas tiveram para o rompimento com as estruturas do poder dominante.

Palavras-chave: mulher, crime, poder.

                 
                  Este artigo objetiva discutir o texto de Zelinda Barros A mulher em manchete: perfil da delinqüente por um meio de comunicação. Para tanto, trabalhamos a partir das categorias de análise levantadas pela autora, tais como: crime, criminalidade feminina, valores morais da sociedade e condutas desviantes, como a divisão sexual das tarefas, por exemplo, trabalho de homem versus trabalho de mulher, estigmas e estereótipos sobre o papel da mulher. É bom esclarecer ao leitor que este trabalho é uma analise minuciosa do texto associada a uma apresentação conceitual das categorias por ela levantada.
Ao realizar a leitura da obra, percebemos que a compreensão fica prejudicada em primeiro momento, uma vez que, a autora esclarece tais categorias de maneira subjetiva, por isso, optamos em discutir primeiramente as relações de rompimento com as estruturas de poder que constituem o crime e forjam o/a criminoso/a, tentando articular essa teoria com os crimes, e as interpretações dadas pela sociedade machista/patriarcal aos atos de ruptura com o sistema, cometidos por mulheres ao longo da história humana, de maneira breve, concluindo que apesar do discurso sexista está sendo vencido na academia ele ainda é figura presente nos debates populares.  


“O sujeito deve correr o risco de perder as insígnias da falicidade e de afrontar a angustia da castração para romper com as identificações masoquistas e poder assumir a liberdade erótica de pensar e dizer.” [BRIMAN, 2005; p. 120]
A citação acima se refere às amarras que as mulheres ao longo da história humana, foram obrigadas e ainda são, mesmo que de maneira inconsciente, a subordinação do pensamento, e das estruturas do mundo masculino. Cidadãs de segundo plano, romper com as normas morais, sociais e jurídicas vigentes era, e ainda é, em alguns casos, fruto da histeria, da loucura, de uma constituição biológica degenerada, como nos propôs os médicos e pensadores do século XIX, com o surgimento da cientificidade e da criação de uma jurisdição que iguala homens e mulheres, perante as instancias do poder esta passou a ocupar espaços antes masculinos, tais como o “mundo do crime”. Mas, bem antes, por volta do século XVI, a desobediência ao Deus masculino, uma vez que essa introduziu o pecado cristão, a elas foram atribuídas as características de adoradoras do diabo, sendo assim, criminosas por natureza divina.
É importante nos questionarmos, até onde as verdades, outrora postas no parágrafo anterior, alocadas em um dado momento histórico, ainda estão presentes no imaginário da sociedade contemporânea, pois isso nos permite identificar em alguns discursos a reprodução literal ou de maneira velada do meio como influenciador primordial das relações humanas, ou ainda a constituição biológica dos indivíduos como responsável por seus atos.
Quando pensamos em crime, a primeira ideia que nos vem à mente, é que, um indivíduo ou grupo rompeu com as estruturas do poder e as normas sociais instituídas. Romper com as regras é desejo do humano diriam alguns autores, sobretudo o pai da psicanálise, Sigmund Freud, no século XIX, faz parte de nossa psique. Porém, ao tratar o crime enquanto categoria de poder e empoderamento faze-se necessário pensar quem são tais sujeitos e os motivos que o levam a tal rompimento de coesão dos laços, de solidariedade social, como diria Durkheim.[2]
Segundo Foucault (2003) foi com o estudo da loucura que se tornou possível perceber o crime enquanto rompimento com as estruturas de poder. É o meio em que os indivíduos, de certa forma, têm para se rebelar contra a opressão instituída pelo discurso dominante. Dirá este autor que,
“essencialmente, fazer da história da loucura uma interrogação sobre o nosso sistema da Razão, uma coisa para o crime em relação à lei, ao invés de interrogar a própria lei, e o que pode formular a lei, tornar o crime como ponto de ruptura em relação ao sistema, tomar esse ponto para interrogar a lei, tomar a prisão como o que vai nos esclarecer sobre o que é o sistema penal, mas do que as formas do sistema penal, de o interrogar no interior, saber como ele foi fundado, como ele se funda e se justifica, para deduzir em seguida o que ele é”. [FOUCAULT, 2003]
De acordo com a sociologia clássica, a moral, convertida em normas de convívio e regras instituídas pela força da lei serve como mola propulsora, uma espécie de ligação para harmonia e convívio dos sujeitos em suas comunidades. É devido ao construto dessa moral em forma de lei, e do rompimento dos indivíduos, que assinam um acordo tácito de maneira subjetiva, que se constitui o crime, e é no ato desse rompimento que surge o criminoso.
A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) estabelece que só existe crime se a lei dessa forma definir as ações dos indivíduos, assim como, as sanções aplicadas a estes, ficando isento a penalidade criminal os indivíduos que forem portadores/as de doenças mentais e menores de dezoito anos os quais possuem uma legislação específica. Vale ressaltar que os crimes que envolvem contornos emocionais e substancias psicotrópica não está restrita a punição.
Compreender como se constitui o crime, e como a legislação brasileira entende o rompimento dos indivíduos com as normas vigentes nos ajudara a perceber por que as contradições entre o significado de crime e a forma como a criminosa do sexo feminino é julgada pela opinião pública disfarçada de lei, num pensamento arraigado de um patriarcalismo que ainda tem a mulher enquanto sexo frágil, que tem como obrigações morais o cuidado da casa, dos filhos e marido, constituiu crime o rompimento com essas premissas, ao menos no imaginário popular.
Mas, ao longo da história da criminalidade feminina, é com a criação das escolas de psiquiatria no século XIX, quando houve a medicalização da loucura, que a sexualidade feminina passou a ser sinônimo de desvirtuação da moral social instituída, assim, mulher que apresentasse, sentisse e desejasse o sexo enquanto construto do prazer e não como meio para reprodução humana, tendo em vista que de acordo com o pensamento da época, isto só pertencia a composição biológica masculina, esta mulher estava cometendo um crime, uma vez que rompia com a moral instituída desse tempo, a qual para as mulheres era destinado a vida na esfera do lar, dos cuidados com a família e da fragilidade.
Qualquer rompimento com esse contexto era demandado como doença mental, a histeria. Segundo Magali Engel (1997), “a doença mental, em fins do século XIX, deixa entrever as principais dimensões da intervenção da medicina na sexualidade, no trabalho, nas condutas individuais ou coletivas que dissessem respeito a questões religiosas, políticas ou sociais” (p. 329). Assim, a mulher assassina, bêbada, prostituta e adultera se constitui uma criminosa, mas não uma criminosa qualquer, e sim a doente, vítima da loucura provocada pela exacerbação do seu desejo sexual, identificado pela menstruação excessiva ou escassa.
Em se tratando de menstruação esta deixa de ser associada à bruxaria e feitiçaria no século XIX, porém é preciso lembrar que no século XVI, a mulher bruxa e feiticeira, perseguida e condenada pelo tribunal do Santo Ofício é a introdutora do pecado na terra culpada pela peste e mazelas que ocorriam na Europa do período e “a crença na inclinação da mulher para o desregramento e a fantasia embasou um estereótipo de que o gênero feminino: um ser propenso a ceder às investidas do diabo” [SANTOS, 2005; p. 4]. Assim, teólogos e demonólogos transformaram a mulher na representação simbólica da traição e maldade encarnada. 
Séculos depois essa mesma mulher, que introduziu o pecado ao homem, lhe privando do paraíso celeste, é culpada por cometer outro crime, a ascensão ao espaço público. É a gênese da emancipação feminina no século XX, que chega ao final do mesmo, com os espaços públicos ocupados por homens e mulheres, com as ideias de outrora convivendo com novas de poder e empoderamento do que é ser mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada, o que gera outros conflitos, além da dicotomia homem X mulher, temos agora a disputa pela cidadania.
A menstruação em demasia ou não, a busca pelo prazer sexual, o conhecimento das plantas, o domínio forçoso ou não, a depender da sociedade, da esfera domestica, o assassinato, o roubo, o desejo de ser percebida e sentida enquanto ser social, agente transformadora da realidade em que esta inserida inerente a mulher, se fazem presentes nos debates acadêmicos, porém como bem sinaliza Lilian Schwarz em Usos e abusos da mestiçagem e da raça no Brasil ainda não vigora entre a população esta premissa, que reforça práticas sexistas e racistas em seu cotidiano.
É para demonstrar como esse julgamento ainda sobrevive que Zelinda Barros doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos (CEAO/UFBA) - que reflete sobre Antropologia, Gênero e Relações Raciais, Mulher, Representações Sociais e Família - ao escreve sobre A mulher criminosa em manchete: perfil da delinqüente traçado por um meio de comunicação, nos apresenta como os discursos reproduzidos pelo jornal A Tarde no ano de 1997, sobre a mulher criminosa ainda tratam esta como a histérica, louca, degenerada que tem em sua constituição biológica a incapacidade do exercício da reflexão, do planejamento, e por isso, são subordinadas a acompanhar seus maridos e companheiros no mundo crime, uma vez que este é o papel da boa esposa.
Dessa maneira, a autora utiliza-se do método de analise do discurso, para comparar os textos publicados pelo jornal no período de seis meses (janeiro a julho) do ano de 1997, em Salvador, com os discursos dominantes, os quais ainda mantêm valores pautados numa diferenciação sexual com base no sexismo, racismo associados a um pensamento evolucionista e determinista do ser feminino.
É no discurso escrito como mantenedor de uma dada estrutura social que reforça práticas excludentes, em relação à mulher e sobre como estas podem atuar na esfera pública, neste caso especifico na marginalidade, que a autora, de maneira dialética, nos permite perceber como os discursos hegemônicos se confrontam com a sublevação das ideias por ele imposta, uma vez que, essa mulher criminosa, usa o próprio discurso machista/sexista para se defender e reagir contra a ideia de que esta não tem capacidade biológico-social para romper com as normas vigentes pelo desejo pessoal e inerente a sua condição sócio-cultural.
A fragilidade feminina então vira afirmação, processo de resistência, uma vez que a mulher utiliza-se dos próprios mecanismos de repressão para garantir certas regalias perante a lei, quando da prática criminosa. É importante discutir este ponto, pois se a lei brasileira se propõe a julgar homens e mulheres em condições de igualdade jurídica, e
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; [CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988; acessado em 27/07/2011]
Percebemos que isso ainda não acontece na pratica, uma vez que as reportagens analisadas por Zelinda Barros tem menos de vinte anos.
O jornal assumiu uma postura que é totalmente contraditória ao que fora estabelecido no artigo 5º da constituição brasileira, mencionado anteriormente, ele nos apresenta essa mulher criminosa ora como “a mulher do preso” ora como “a mulher presa”, no qual a elas nesse mundo ilegal e marginal cabe apenas o papel de cúmplice por indução, louca e degenerada que age por impulso emocional, a parceira também por indução/subordinação ao marido, companheiro, etc, e quando o mesmo não consegue confirmar sua tese, de que a mulher criminosa esta subordinada a algum homem este é o caso que foge a regra, sendo assim, a mulher que age criminalmente sozinha é uma excepcionalidade.
Nessa excepcionalidade criminal acometida por mulheres Rachel Soihet (1997), que escreve sobre Mulheres pobres e violência no Brasil urbano, nos lembra que
“o código penal, o complexo judiciário e a ação policial eram os recursos utilizados pelo sistema vigente a fim de disciplinar, controlar e estabelecer normas para as mulheres dos segmentos populares. Nesse sentido, tal ação procurava se fazer sentir na moderação da linguagem dessas mulheres, estimulando seus “hábitos sadios e boas maneiras”, reprimindo seus acessos verbais.” [SOIHET, 1997; p.363]
Também, percebido na análise de Zelinda Barros (1998), uma vez que a excepcionalidade consiste no “tipo fixo que orienta o olhar da sociedade na detecção da criminalidade feminina: “a mulher potencialmente criminosa” é pobre, não-branca e atua como auxiliar, pois não tem capacidade para manter o comando dos delitos”. (p. 118).
            No trabalho de Zelinda Barros ela apresenta a mulher na marginalidade do século XX como rompimento das estruturas político-sociais normativas, do ponto de vista da associação ao tráfico de drogas, do homicídio, estelionato e assalto, Rachel Soihet apresenta a mulher pobre, em finais do século XIX e primeiros anos do XX, que ao se defender do companheiro algoz, culpado por traí-la, violentá-la e não provê-la, tem que sair em busca do sustento do lar. Em ambos os textos, as autoras se preocupam em demonstrar como a mulher é vista pelas autoridades enquanto um ser inferior em relação ao homem, e que sua alocação na pirâmide social, assim, como sua entrada na esfera pública esta subordinada ao homem que a acompanha ou oprime.
Outro ponto de semelhança entre as autoras é o caráter racialista atribuído ao crime, tanto para o masculino quanto ao feminino, em ambos os casos os estudos médicos de Lombroso e Nina Rodrigues aparecem para comprovar a prática criminosa a partir da constituição biológica degenerada. De acordo com Soihet (1997)
“em Florianópolis, no inicio do século XX, além das tentativas de “reajustamento social” das mulheres dos segmentos populares, havia a preocupação de que adquirissem um comportamento “próprio para mulheres”, marcada pela presença das características já nomeadas de recato, passividade e delicadeza etc. Fato que facilitava a repressão e a arbitrariedade policial, pois não se enquadrando nesse esquema, fugiam às normas próprias de sua natureza.” [p. 366]
Barros (1998) ressalta que
“o assassinato de menores recebe grande destaque nas paginas policiais, por se tratar de uma crime que tem como vítima criaturas indefesas. (...). Dessa forma, verifica-se que uma das características tidas como peculiares a crimes desta natureza expressos pelo jornal, é a personalidade doentia dessas mulheres. Do fato de utilizar esse argumento para explicar o crime, subtendendo-se que há uma expectativa de que as mulheres, devido ao “instinto maternal”, sejam “naturalmente propensas” a não cometer crimes desse tipo; ao fazê-lo, as delinqüentes realizam uma quebra do padrão de mulher estabelecido, e ao invés de serem representadas também como delinqüentes, são apenas consideradas doentes mentais.” [p. 115 e 116]
Nos tipos de crime analisados e a postura adota pelo jornal, estudado por Zelinda Barros, reforça-se a ideia de que a mulher é silenciada e excluída daquilo que a torna humana. De acordo com Hannah Arendt, a condição humana é adquirida através da vida contemplativa, algo que as sociedades ocidentais atribuem como privilégio do homem, a sapiência, a ciência, o conhecimento, e o poder de refletir e tomar decisões é masculino.
Quando há uma quebra com esse paradigma, temos “um tratamento desigual” [BARROS, 1998; p. 112], e uma das partes é estigmatizada com um lugar socialmente construído pelo opressor que não lhe pertence, assim a mídia instituída, enquanto mecanismo de poder, evidencia e reforça a mulher como o “sexo frágil” incapaz de reagir e tomar decisões de rompimento ou quebra de paradigmas sozinhas, sem a indução do saber masculino.
A notícia empresta ao fato um caráter que ele não possuía originariamente. Os meios de comunicação de massa, não são nem neutros nem inocentes, desempenham um papel histórico, tem um partido, possuem suas próprias regras de produção, produzem uma própria sintaxe que lhes assegura, ela mesma, a coerência e a credibilidade das notícias que difunde. [VIEIRA, 1984; p. 60 apud BARROS, 1998; p. 113]
Por esse motivo, o jornal expressa e cria a opinião de que o homicídio praticado por mulheres só pode ser um crime dotado de afetividade, emocionalidade instável, passionalidade, insanidade, sobretudo quando se trata de infanticídio, pois é da natureza feminina, segundo esse tipo de interpretação determinista, a defesa do ser inocente, incapaz, uma vez que o papel da mulher é ser mãe. Ora, se esta premissa biológica da condição maternal feminina é uma verdade absoluta, a regra se aplicaria para outras espécies animais, o que não ocorre.  
Em suma, é mais do que possível concordar com a professora Zelinda Barros (1998), que a mídia “ao mesmo tempo em que constrói um modelo de criminosa como sendo uma desviante, o jornal reforça estereótipos referidos a mulher em geral” (p.120). Aliás, essa é uma premissa que somente a história das mentalidades nos ajuda a compreender, uma vez que estruturas de poder, físicas e sociais são, e, podem ser rompidas da noite para o dia, mas é necessário gerações inteiras para mudar pensamentos e reconstruir representações, isso se percebermos a circularidade não estática que envolve os fenômenos históricos sociais. É com a história das mentalidades que percebemos a lentidão no processo de mudança das sociedades.



REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10ª Ed. Rio de Janeiro. Forense Universitária. 2005
BARROS, Zelinda. A mulher criminosa em manchete: perfil da delinqüente traçado por um meio de comunicação. In: PASSOS, E.; ALVES, I.; MACEDO, M. Metamorfoses: gênero na perspectiva interdisciplinar. Salvador: NEIM/UFBA, 1998. P. 111-121.
BRIMAN, Joel. Mal-Estar na atualidade. A psicanálise e as novas formas de subjetivação. 5ª edição. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2005.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constiuicao/constituicao.htm.> Ultimo acesso: 27/07/2011.
CÓDIGO PENAL. DECRETO-LEI N.º 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Amperj legislação. Disponível em: <www.amperj.org.br/store/legislação/codigos/cp_DL2848.> Ultimo acesso em 27/07/2011[pdf.]
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 13ª Ed. São Paulo. Nacional. 1987. 

ENGEL, Magali. Psiquiatria e feminilidade. In: PRIORE, Mary Del (Org.). História das Mulheres no Brasil. 2ª edição. São Paulo. Contexto, 1997. P. 322-361. 
FOUCAULT POR ELE MESMO. Direção de Philippe Calderon. Distribuição ARTE France/ BFC Productions. 2003 DVD (123 min.). Documentário - Cor – França.
GONZALES, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira, IN: SILVA, A. Movimentos sociais urbanos, memórias étnicas, e outros estudos. Brasília: ANPOCS, 1983. P. 223-244.
JUNKEIRA, R. D. Homofobia nas escolas: um problema de todos. In: __________ (Org.) Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília: MEC, 2009. P. 13-51.
MATOS, M. I. de. Por uma História da mulher. Bauru, SP: EDUSC, 2000.
MOTT, Luiz. Benditos pactos diabólicos. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, nº56. Maio, 2010. P. 24-25.
NOGUEIRA, Carlos Roberto. Assim nasceu a bruxaria. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, nº56. Maio, 2010. P. 18-20
REIS, João José. O pai das Adivinhações. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, nº56. Maio, 2010. P. 26-27
ROCHA, Marina Maria de Lira. Casos de Policia. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, nº56. Maio, 2010. P. 38-43.
SANTOS, Georgina Silva dos. A imagem da capa. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, nº56. Maio, 2010. P. 4.
SCHWARCZ, Lilia. Usos e abusos da mestiçagem e da raça no Brasil. Afro-Ásia, 18 (1996). 77-101. (pdf)
SCOTT, Joan. Gênero como categoria útil de analise histórica: In: Educação e Realidade: Gênero e educação. Porto Alegre. V.20, n.2, Jul/dez. 1995.
SOIHET, Rachel. Mulheres pobres e violência no Brasil urbano. In: PRIORE, Mary Del (Org.). História das Mulheres no Brasil. 2ª edição. São Paulo. Contexto, 1997. P. 362-400. 



[1] Pós-graduanda lato senso em História da Bahia pela Faculdade São Bento da Bahia, Licenciada e Bacharel em História pela Universidade Católica do Salvador, Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Contatos: simoneucsal@hotmail.com, Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/4087137719166530
[2] A Coesão e os laços de solidariedade social deste autor são pensados a partir das estruturas externas (fenômenos sociais externos). Dessa maneira, as forças exteriores (consciência coletiva) ao individuo estão postas desde seu nascimento, de modo que, os indivíduos já encontram as bases da vida social como, o direito, a moral, a religião, a economia, etc, prontos ao nascer. Assim, estes organismos estruturantes (consciência coletiva), integram-se aos indivíduos (consciência individual), onde juntos mantém a coesão e os laços de solidariedade entre os mesmo, por meio da coerção. Pois dessa forma a sociedade mantém a harmonia evitando o caos da desorganização. Durkheim, Émile. As regras do método sociológico. 13ª Ed. São Paulo. Nacional. 1987.  

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ah se isto se tornar verdade!!!


Se isto for aprovado ja vai ser um grande passo para o futuro deste país.
 MANIFESTO - EMENDA CONSTITUCIONAL 2012
 Ac. ELÍ JOSÉ CESCONETTO  cadeira 3 da ACO

Manifesto
 Peço a cada destinatário para encaminhar este e-mail a um mínimo de vinte pessoas de sua lista de endereços e, por sua vez, pedir que cada um deles faça o mesmo.


Em três dias a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo.


Lei de Reforma do Congresso de 2012 (emenda da Constituição do Brasil):


1. O congressista receberá salário somente durante o mandato. E não terá direito à aposentadoria diferenciada em decorrência do mandato.


2. O Congresso contribui para o INSS. Todo o fundo (passado, presente e futuro) atual no fundo de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS imediatamente. O Congressista participa dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos os outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.


3. O congressista deve pagar para seu plano de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.


4. O Congresso deixa de votar seu próprio aumento de salário, que será objeto de plebiscito.


5. O congressista perde seu seguro atual de saúde e participa do mesmo sistema de saúde como o povo brasileiro.


6. O congressista está sujeito às mesmas leis que o povo brasileiro.


7. Servir no Congresso é uma honra, não uma carreira. Parlamentares devem servir os seus termos (não mais de 2), depois ir para casa e procurar emprego. Ex-congressista não pode ser um lobista.


8. Todos os votos serão obrigatoriamente abertos, permitindo que os eleitores fiscalizem o real desempenho dos congressistas.

domingo, 22 de abril de 2012

Coisas que tem me incomodado.

E o salário oh!!!
Algum tempo que não escrevo aqui, por falta de tempo mesmo. Essa vida corrida de trabalho, faculdade, manutenção da vida acadêmica, preparação pra Mestrado, debates com os amigos, grupos de pesquisa, problemas de família, de grana. Enfim, a administração da vida pessoal/profissional (faz tempo que não se separam) é complicada demais.

Mas é preciso escrever, algumas pessoas oram, e pedem a interferência do divino, pra resolver seus problemas e incomodos. Eu escrevo.

Iniciei 2012 com problemas de emprego, ou melhor, com a falta deles. Sou profissional da área de educação e percebo a cada dia o quanto é difícil a manutenção financeira nessa área. Me enterrei na faculdade, pois ficar em casa "com a boca escancarada cheia de dente, esperando a morte chegar" é foda.

Sou qualificada profissionalmente, assim como diversos profissionais de outras áreas, e o discurso do tem vaga, não tem é profissional qualificado, já não dá mais pra mim. Como vivemos num país de relações patrimoniais, o que me falta no meu mundo do trabalho é um padrinho ou uma madrinha, ou quiçá os dois, ou ainda tentar renascer como homem, por que também sofro com o preconceito de gênero.

Recentemente nas minhas aulas de "Didática" do curso em Ciências Sociais, descobrir como não ser professora, pois qualificação, leitura, atualização profissional é balela, se chegar com alguns vídeos e discurso de senso comum e do achismo, funciona. É duro pra mim, ouvir de um professor universitário dizer que: "Eu não assisto jornal", "eu não vejo televisão", por que só tem bobagens, e "só esculto e vejo o que é culto", ou ainda, "eu que tenho a pele, assim, mais clarinha, sei o que é preconceito por que quando fiz meu mestrado em Curitiba fui vitima dele", como se só os negros fossem vítimas do preconceito.

Conhecimento é poder, ouvi isso, minha vida inteira, é a  única coisa que não podem tirar de você, mas hoje com esse discurso, daquele que forma os futuros profissionais da educação, começo a me questionar sobre a possibilidade de que um dia poderem tirar isso também.

Assim, para ser o novo profissional de educação bastam algumas firulas, ter boa oratória no momento de articular aquilo que todo mundo sabe com o senso comum do discurso cientifico, ou ainda trazer a baila das discussões informações retiradas do "guinessbook" e pronto. Ah! Já ía me esquecer, tecer a crítica ao sistema educacional sem conhecê-lo em suas estruturas, a partir do "eu acho" também se faz importante, afinal nessa lógica o MEC é nosso inimigo mesmo.

Tudo bem, temos na história da educação brasileira os acordos MEC/USA fomentados durante o regime militar que sucatearam a educação nacional, mas daí dizer que ele é inimigo da educação nacional e os profissionais que lançarem mão de uma proposta curricular inovadora e aplicável serão perseguidos e vítima de espionagem é demais pro meu cérebro.

Admito que ainda sei pouco sobre educação, institucionalmente falando, mas sei que conhecer o que os teóricos dela dizem é fundamental. Concomitante com essa disciplina, estou em outra, chamada "Epistemologia das Ciências Sociais", isso quer dizer que estou aprendendo como o processo cognitivo de produção e aquisição do conhecimento não é possível sem a experiência, que o conhecimento do senso comum é importante, porém não tem validade cientifica.

Assim, se aquele (a) que tem o papel de me transformar em professora me diz: eu não leio jornal, e me ensina planejar aulas mirabolantes e criativas sem me mostrar seu próprio planejamento, me enche de dinâmicas e não me diz seu objetivo com isso, não me exige criticidade que tipo de profissional o mercado quer que eu seja? Se ele me exige uma enormidade de qualificações e aperfeiçoamentos? Como proceder diante dessa dicotomia:  saber fazer X alguém pra interceder? São questões que pululam em meu cérebro, no entorno de tudo isso, me resta o consolo da vida amorosa, pois essa vai de vento em popa.

Simone dos Santos Borges

quinta-feira, 1 de março de 2012

O Facebook!!!!

Saoara Sotero Nunca vi tantos casos de homofobia aqui no face como agora no pós carnaval! Pra mim é coisa de gente que passou os 5 dias chupando dedo depois de comer algodão doce e tá se roendo pq teve gente que conseguiu arranjar alguém! Frase postada no Facebook no dia 24/02/2012 

Tenho observado as declarações das pessoas no Facebook e confesso que tenho ficado chocada com algumas delas, pois são pessoas que se intitulam esclarecidas e as vezes até como pertencentes a uma intelectualidade privilegiada. Admito que esta é uma ferramenta de comunicação em tempo real absolutamente fantástica, na minha concepção é a melhor de todas as ferramentas de comunicação e interação social virtual da atualidade.

Porém, apesar da possibilidade de viver a realidade social de maneira virtual, percebo que as pessoas que fazem parte dessa rede ainda reproduzem conceitos conservadores de uma sociedade normativa e alienada, com isso não quero fazer generalizações, dizer que todos os participantes do "face" são alienados, já li matérias jornalísticas e estudos científicos interessantíssimos que não circulam em outros meios de comunicação como nessa maravilhosa rede.

Fico preocupada com declarações de pessoas que gritam: "Sou contra a homofobia", mas "aquela mulher lá do BBB provocou o cara e agora diz que foi estrupada, a errada é ela". Ou ainda levantam a bandeira contra o preconceito e incitam o mesmo contra as gordas, os "feios", assim nomenclaturados por não se encacharem num dado padrão de estética, gays, lésbicas, sujeitos trans. e qualquer outra espécie humana que não estejam nesse padrão normativo de sociedade conservadora e moralista.

A bola da vez agora é a deputada Mirian Rios que fotografou usando uma camisa escrita "Todos contra o sexo anal". O interessante é que, quem assina a foto o faz como "pseudoverdade", não estou aqui defendendo a ideia vinculada na camiseta, pois tenho várias leituras sobre ela, e a mais obvia é "todos contra a homossexualidade", tendo em vista (opinião de censo comum) que este é o público quem mais pratica essa modalidade sexual. Além disso, quando se pensa em um dia de luta contra a dada modalidade sexual, esta se pensando em um dia para que os ataques frenéticos, insensatos e irracionais dos jovens filhos da classe média branca brasileira, denominados "playboys", contra gays seja legitimo. E isso, é só uma das possibilidades.



Paro e penso, será que devo acreditar numa foto em que o artista responsável assina como "pseudoverdade"? Talvez não fosse mais prudente começar a refletir que esse espaço de interação social virtual transforma literalmente aquele que era privado e intimo em público? E que uma vez manifestada a opinião íntima, não há mais como retroceder? Já dizia Brudel: "uma palavra escrita, um documento".


Assisti ontem (29/02/2012) ao filme "Dama de Ferro" e a frase do filme que mais me marcou foi quando Margaret Thatcher diz: "o problema da minha geração se adaptar a nova realidade é que esta é uma sociedade preocupada com o que sentimos, e minha geração vem de uma sociedade em que a preocupação era com o que pensamos". Entendo as necessidades emocionais, porém devo admitir que nesse quesito falta, um pouco, pra essa nova geração o exercício da reflexão, por que só é possível refletir quando se pensa e não quando se sente.

Sentir e apenas sentir, nos torna na maioria das vezes individualistas, pois primeiro sempre vai vir o bem estar pessoal, só conseguimos ajudar o outro quando estamos bem conosco, esse é o ponto de pauta. Porém, entendo que quando pensamos chegamos a alteridade e deixamos de fazer pelo individuo e passamos a fazer pelo bem estar coletivo. Acho que isso é o que falta, se A ou B fez sexo anal ou deixou de fazer não me interessa, mas se A ou B produz algo que melhora a vida da humanidade isso é importante, deve ser valorizado, prestigiado, homenageado.


Debater é algo produtivo, ter opiniões diversas é necessário, mas refletir sobre o que se discursa deve ser um exercício constante, isso me faz lembrar de Karl Marx quando ele diz que "não é a consciência que muda o ser, mas o ser que muda a consciência" uma vez que quando agimos impulsionamos nossas mentes a transformações possíveis apenas por conta desse exercício constante de reflexão.

Então cuidado meus caros e minhas caras com o que postam no "face", como gostamos de chamar, pois ele reflete suas atitudes individuais que impactam na realidade social concreta.

Simone dos Santos Borges

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Até quando!?

"A noite vai ter lua cheia! Tudo pode acontecer."

Enquanto alguns são reféns do medo, fico literalmente "puta" por ter que abdicar da minha vida pessoal e profissional por conta do estado de ALIENAÇÃO em que alguns se encontram.


Postei essa frase em um das minhas redes sociais, por que não suporto mais a onda de caos, violência e "estado de terror" em que se apresenta minha cidade. Tenho acompanhado todos os comentários, notícias de TV, e depoimentos das pessoas nas ruas (nas raras vezes que pude sair de casa) e não tenho gostado muito do que vejo, sobretudo nas redes de TV. 

Na segunda (06/02/2012) no programa Mais Você, da Rede Globo a apresentadora do mesmo disse a seguinte frase: "cadê a calma baiana... por que agente nunca espera de um povo desses uma atitude como essa" numa referência a greve da PM-BA ou será da velha fama que os baianos são obrigados a carregar depois da "invenção da baianidade"?


Não sou contra nenhum tipo de manifestação, seja ela pacífica ou violenta, afinal cada sujeito ao reivindicar sobre seus direitos/deveres de cidadão e cidadania sabe onde mais lhe apertam o juízo e as necessidades. Os servidores públicos baianos clamam por dignidade, algo que não é nenhum absurdo tendo em vista que que o artigo 1º da Constituição nos garante isso. Porém, o Estado "viciado" em concessões de favores, fidalguias, privilégios e corrupto em todas as suas estruturas, não garante esta tal dignidade a população civil, quanto mais aos seus servidores. 

Não sou partidária (referindo-me a política nesse nível), pouco entendo de política. Mas, é a base empírica do Estado Brasileiro a "Ordem" (coerção) e "Progresso" (coesão), lógica que perpassa o imaginário da sociedade, quantas vezes nos pegamos pensando na seguinte ideia: "tem mais é que matar esses vagabundos todos" é isso pra qualquer tipo de manifestação grevista, seja ela dos servidores da segurança pública, da saúde, da educação e se for estudante então ai é que tem mesmo que "matar esses arruaceiros".

Então é preciso dizer a essa senhora, que apresenta o referido programa de televisão, que sim, é possível esperar tal atitude de "um povo como esse", somos sujeitos sociais e imísquidos numa realidade que não se aparta do esclarecimento histórico, político e social dos demais cidadãos brasileiros. 

A policia baiana, ou pelo menos uma parcela dela, querem condições dignas de viver, uma vez que a Constituição nos garante isso. Por que um profissional que CARREGA NOSSAS VIDAS em seu cotidiano profissional tem que ganhar 1.800 reais mensais? Por que um profissional que PREPARA NOSSAS VIDAS tem que ganhar 940,00 reais mensais? Quando os profissionais que só fazem ATRAPALHAR NOSSAS VIDAS ganham mais de 24.000 mensais, mais gratificações e ajudas de custo que triplicam esse valor? Espero que todos saibam a quais categorias profissionais me refiro aqui (em todo caso: Policiais, Professores e Deputados respectivamente).

É obvio que em ano de eleições uma atitude como essa da polícia baiana iria ganhar contornos eleitorais, todos querem se promover, o "governo" atual nunca fará o suficiente, sempre deixará a desejar, os governos passados serão lembrados, vão querer até ressuscitar o "ditador defunto" pra resolver o problema. Me pergunto: que problema? Vocês me perguntarão de volta: você não tá vendo o noticiário não? A cidade está um caos. É, eu sei, e recomendo a vocês uma leitura, é, uma leitura, quem sabe assim desestressamos.

O maior problema desta greve, não é a greve em si, que apesar da justiça a tê-la declarado ilegal, esta é legitima. O problema esta no ESTADO DE TERROR que imputaram em nossas cabeças, assim como os políticos da realidade fictícia pensada por Saramago na leitura que indiquei, somos todos, sem exceção, ALIENADOS, pois entendo que nos tornamos reféns do medo, uma vez que essa politica tem se mostrado bastante eficaz. 


Simone dos Santos Borges.