domingo, 10 de janeiro de 2021

Ferramenta em desuso, e pensamento em uso.

 A um ou dois meses atrás me disseram que essa é uma ferramenta em desuso, deve ser mesmo, até eu não tenho aparecido aqui para escrever. Mas, admito que todas as vezes que precisei jogar as palavras e as raivas fora foi esse canal que busquei, e pelo visto todas as vezes que amanhecer com os dedos fervendo para escrever e a mente trabalhando a todo vapor, vai ser aqui que vou despejar essas palavras. 

Quando comecei esse blogger, acho que tinha em mente ser uma influenciadora digital, mesmo que na época ninguém soubesse ou falasse sobre isso, queria sim, deixar as marcas da minha opinião e das coisas que ia aprendendo e lendo registrados e gravados em algum lugar. 

Era minha maneira de ler e interpretar o mundo, ou como dizem os fundamentos da sociologia, estranhar e desnaturalizar a realidade social. As vezes me pego relendo os textos que escrevi aqui para ver se ainda penso igual, e em alguns casos me pergunto, foi eu mesmo quem escreveu e pensou sobre isso, será que se fosse hoje mudaria alguma palavra, escrito ou pensamento? 

Tem momentos que também não reconheço meus escritos, mas vejo que tem muito do política e de Brasil, a verdade é que olhando a trajetória que fui desenvolvendo nesse blogger, vejo que tem muito de "ser" mulher e professora no Brasil e da política nacional. A minha verdade é que sempre fugi academicamente desses dois lugares, sempre neguei eles por que em alguns momentos achava obvio e clichê, ou ainda, é tudo que tudo mundo faz, não tem novidade. 

Aí entrei no mestrado e, finalmente, entendi que só pesquisamos e estudamos aquilo que nos inquieta, precisava e precisamos, sobretudo quem se aventura por esse mundo, falar das nossas angustias da mesma forma que das nossas alegrias, imprimir nossa identidade ou a construção delas nas páginas dos nossos artigos e textos, e informar a sociedade das nossas descobertas, do que nos faz mudar, melhorar ou piorar, ou simplesmente acalmar o espírito, filosoficamente falando. 

Quem se pretende cientista/intelectual, acredito que tem essa missão, ou melhor, vocação, no sentido weberiano da coisa. E de tempo em tempo me pego escrevendo aqui, jogando com as palavras emoções secretas, revoltas individuais, amores e paixões por pessoas e coisas, e me construindo enquanto ser humano. 

Me perguntaram durante o ano de 2020 o que ia fazer quando a pandemia acabasse, e quando olho para trás, buscando respostas para perguntas como essa, vejo que não tenho resposta, por que, sempre faço o que preciso fazer, seja da minha vontade ou não. Continuo lendo os livros que quero e que não quero, fazendo as coisas que quero e não quero, e tendo os mesmo impedimentos sociais e econômicos que tinha antes do vírus, portanto, eu estou viva e lutando!

E, por isso, tantos textos nesse blogger refletem essa construção do meu ser, da minha humanidade, e a certeza que se voltasse a cada época do que escrevi ao longo desses anos nesse espaço, faria tudo igual. 

Não sei se alguém ler o que escrevo nessas páginas, mas se você estiver lendo, e precisando dar uma significado a sua vida, faça o melhor, o seu melhor, seja intenso, não negue seus sentidos e sentimentos, tudo faz parte do que constrói a sua humanidade, e sempre nesse mesmo momento pratique alteridade, entenda que quem está do seu lado enfrenta os mesmos processos, com isso não estou dizendo que em alguns momentos vocês não iram conflitar, isso também faz parte do processo. 

E, por fim, usemos a ESPERANÇA como verbo (ação) contingente, a dica não é minha, é de Paulo Freire, e tem dado certo.

Abraços, 

Simone dos Santos Borges 

Historiadora e Cientista Social