sábado, 20 de agosto de 2011

"Ocupamos um lugar no espaço e o tempo nos habita" José M. Catharino

Academia Real de História Portuguesa
O texto a seguir é fruto de uma das melhores épocas da minha formação de Historiadora, e deixo ele aqui como uma homenagem aos meus amigos/as historiadores/as pelo seu dia: 19 de Agosto.

"Quando este texto foi pensado, ele visava a eleição do C.A. de História Carlos Marighela, mas hoje com a cabeça calma e as leituras feitas da vida acadêmica na UCSAL este documento serve como um desabafo e um incentivo aos meus colegas de História. Há quatro anos, quando do meu ingresso na universidade, eu vi e vivi, um curso ativo politicamente, com garra e sem medo de tomar posições ou de defendê-las.

Hoje o que vejo são todos reclamando que precisa mudar, que precisa voltar a ser como antes, mas ninguém se mexe ou se mobiliza, a nova onda dos estudantes de História é boicotar e boicotar, literalmente, vê o circo pegando fogo, como se diz no popular. Hoje (15/08/2008) me  fizeram a seguinte pergunta: Para que estudar História? Com que objetivo? Repasso esta pergunta aos meus nobres colegas.

Estudar História para permanecer no campo do discurso é muito fácil, esperar que o colega tome a iniciativa mais ainda. Tomar a dianteira e ser pioneiro é para os corajosos, sei que vocês meus amigos são assim, Corajosos, por isso estudam História. Li um artigo certa vez que falava sobre a motivação do/a historiador/a, de onde ela vem? A  resposta foi o mais simples possível, sem academicismos, CURIOSIDADE, é isso que nos move, inquieta, angustia, nos faz querer saber, conhecer, entender, perceber, representar e o mais importante verbo dessa lista, defender.

Então se é isso que nos faz sonhar sermos historiadores/as, não quero cursar História para ficar nas criticas vãs, infundadas, ou INLUTADAS, quero fazer História para ser uma agente dela, ser uma atriz da memória, alguém pra ser lembrada ainda que como coadjuvante, pois, é isso que significa História para mim:; MEMÓRIA. Memória histórica que registramos nos artigos, nos livros, na oralidade seja ela marxista, estruturalista, culturalista, nova historista, pós-moderna, ou simplesmente pós...

Faço minha as palavras de Antonio Gramisci não quero me fazer de mártir ou de herói. Sou apenas um homem, que vive de acordo com suas próprias convicções e não as renega por nada ao mundo.Por acreditar que devemos ser assim, destemidos, é que escrevo esse manifesto. Vamos esquecer as politicagens existentes no nosso curso e pela primeira vez nos unirmos enquanto futuros historiadores/as. Que se danem as correntes, por que elas nos aprisionam, são correntes. Sejamos sujeitos sociais, agentes transformadores.

É hora de retomar os sonhos de outrora de mudar o mundo e mudar os rumos da apatia, do descaso e da  falacia que o nosso curso tomou, vamos ao debate, ao embate, ao baba dos fins de semana, as calouradas calorosas, a receptividade, as conversas fiadas que resultam nas melhores aulas e discussões historiográficas do Omolú, PHD e Jambeiro.

Amigos/as, convoco vocês a discutirem os rumos que o curso de História UCSAL tomou, pois se ele esta ficando ruim, chato, de péssima qualidade, em parte, foi por que nos deixamos isso acontecer por ficarmos olhando a história passar como meros espectadores ao invés de nos colocarmos enquanto agentes dela. Se queremos aula de qualidade façamos nosso papel de estudantes e vamos para a sala de aula exigi-la. Se nossos professores são "anti-didáticos" vamos ajudá-los: lendo, provocando-os, incitando-os, afinal recorremos a nossa herança burguesa e estamos pagando para obter luz, sejamos iluministas então, e rompamos com os paradigmas pragmáticos que nos foram impostos, façamos a nossa revolução intelectual e Renasçamos.


Recorramos a E. P. Tompsom e A Miséria da Teoria, que pratica sem teoria de nada vale, assim também, como teoria sem pratica é vazio, ambas precisam caminhar juntas, então vamos parar de dizer que somos apolíticos, pois somos políticos em nossa essência, já dizia Aristóteles. Se somos sujeitos políticos então vamos exercer isso e começar a agir, vamos dar os primeiros passos, pois não estamos perdidos. Ao contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender (Rosa de Luxemburgo)"

Simone dos santos Borges
15 de agosto de 2008

Vejo agora o quanto sou / era / fui / tento ser/ sei lá romântica. O curso de História UCSAL, ao que soube recentemente dá seus últimos suspiros, os grandes mestres saíram, não forma mais turmas gigantescas de 70/60 alunos/as como quando eu entrei. Mas enfim as coisas mudam, precisam mudar. Espero que meus amigos/as historiadores/as não deixem esse romantismo tosco morrer.

Feliz dia dos Historiadores e Historiadoras a tod@s.

Beijos.