E o salário oh!!! |
Mas é preciso escrever, algumas pessoas oram, e pedem a interferência do divino, pra resolver seus problemas e incomodos. Eu escrevo.
Iniciei 2012 com problemas de emprego, ou melhor, com a falta deles. Sou profissional da área de educação e percebo a cada dia o quanto é difícil a manutenção financeira nessa área. Me enterrei na faculdade, pois ficar em casa "com a boca escancarada cheia de dente, esperando a morte chegar" é foda.
Sou qualificada profissionalmente, assim como diversos profissionais de outras áreas, e o discurso do tem vaga, não tem é profissional qualificado, já não dá mais pra mim. Como vivemos num país de relações patrimoniais, o que me falta no meu mundo do trabalho é um padrinho ou uma madrinha, ou quiçá os dois, ou ainda tentar renascer como homem, por que também sofro com o preconceito de gênero.
Recentemente nas minhas aulas de "Didática" do curso em Ciências Sociais, descobrir como não ser professora, pois qualificação, leitura, atualização profissional é balela, se chegar com alguns vídeos e discurso de senso comum e do achismo, funciona. É duro pra mim, ouvir de um professor universitário dizer que: "Eu não assisto jornal", "eu não vejo televisão", por que só tem bobagens, e "só esculto e vejo o que é culto", ou ainda, "eu que tenho a pele, assim, mais clarinha, sei o que é preconceito por que quando fiz meu mestrado em Curitiba fui vitima dele", como se só os negros fossem vítimas do preconceito.
Conhecimento é poder, ouvi isso, minha vida inteira, é a única coisa que não podem tirar de você, mas hoje com esse discurso, daquele que forma os futuros profissionais da educação, começo a me questionar sobre a possibilidade de que um dia poderem tirar isso também.
Assim, para ser o novo profissional de educação bastam algumas firulas, ter boa oratória no momento de articular aquilo que todo mundo sabe com o senso comum do discurso cientifico, ou ainda trazer a baila das discussões informações retiradas do "guinessbook" e pronto. Ah! Já ía me esquecer, tecer a crítica ao sistema educacional sem conhecê-lo em suas estruturas, a partir do "eu acho" também se faz importante, afinal nessa lógica o MEC é nosso inimigo mesmo.
Tudo bem, temos na história da educação brasileira os acordos MEC/USA fomentados durante o regime militar que sucatearam a educação nacional, mas daí dizer que ele é inimigo da educação nacional e os profissionais que lançarem mão de uma proposta curricular inovadora e aplicável serão perseguidos e vítima de espionagem é demais pro meu cérebro.
Assim, se aquele (a) que tem o papel de me transformar em professora me diz: eu não leio jornal, e me ensina planejar aulas mirabolantes e criativas sem me mostrar seu próprio planejamento, me enche de dinâmicas e não me diz seu objetivo com isso, não me exige criticidade que tipo de profissional o mercado quer que eu seja? Se ele me exige uma enormidade de qualificações e aperfeiçoamentos? Como proceder diante dessa dicotomia: saber fazer X alguém pra interceder? São questões que pululam em meu cérebro, no entorno de tudo isso, me resta o consolo da vida amorosa, pois essa vai de vento em popa.
Simone dos Santos Borges