quinta-feira, 23 de junho de 2011

As mudanças que percebo

Veja o tanto que as coisas vêm se modificando:
mulheres que saíram do campo doméstico para o mundo mercadológico das relações sociais; novas sociedades indígenas que estão sendo descobertas no Brasil; o risco de uma nova crise capitalista de proporções globais; surgimentos de novas potências econômicas mundiais, pautadas numa economia sustentavel; crise política no oriente médio, onde a população busca e luta ansiosamente por democracia, fenômeno antes só visto no ocidente; novas estruturas famíliares que vêm se formando ao longo dos últimos vinte anos, no qual o modelo pai, mãe e filhos já não é mais exclusivo; manifestantes que lutam para garantir seu direito de manifestar nas ruas brasileiras, pela "legalização da maconha", marcha para Jesus e pela família, etc.
Não dá para escrever um texto listando só isso, pois precisaria de muitas páginas na web. Enfim, houve um tempo que dizia: gostaria de ter nascido em outra época, nos anos 30 do século XX, talvez, mas, hoje percebo que não, vivo a melhor época de todas. É provavel que a maioria de vocês não concordem comigo, mas, de fato, vejo o meu país como um epaço muito democrático, não estou falando da Democracia intitucionalizada como forma de governo, também não estou dizendo que todos/as brasileiros/as têm acesso ao exercício pleno de sua cidadania.
Temos espaço para o debate, para o diálogo, para resolução dos conflitos. É claro que esse espaço de democracia tem limites, e o principal deles é: não ultrapasse o debate, o diálogo e os conflitos que não tenham sido antes acordados e estabelecidos pela minoria conservadora, que dominam as estruturas do poder no país, pois você corre o risco de ser um ponto incoveniente na nossa democracia, ou ainda podem desligar seu microfone. Temos que debater, mas temos que ter cuidado com o nosso debate, para que ele não seja perigoso, mal interpretado e até inconveniente.
A união civil (casamento) dos/as homosexuais, juntamente com a proibição do kit contra a homofobia e a marcha para legalização da maconha, ocorreram quase que simultaneamente, porém a sociedade só se lembrou de discutir o quanto era nocivo aos nossos filhos (no masculino mesmo) o kit contra a homofobia. Ninguém falou nada sobre a proibição que o senado fez a "marcha da maconha", se era boa ou ruim a para nossas crianças, nem dos avanços constitucinais que estão por trás do casamento gay. Aliás, também não nos lembramos de debater sobre o aborto, sobre os problemas que permeiam a educação brasileira, sobre a defasagem do sistema unico de saúde, a precariedade do transporte público nas capitais, a falta de saneamento básico, o disperdício de recursos públicos em obras que nunca são concluídas ou em intituições públicas que nunca funcionam a contento, para além das conclusões obvias sobre as quais nós já conhecemos sobre esses assuntos.
Nossa democracia debate as novelas, o que é coisa de menino e de menina, como homens e mulheres devem se comportar, que profissão dá mais dinheiro, que a Igreja A é melhor que a B. Nossa democracia discute os imediatismos, os individualismos, a simplicidade das coisas, ou melhor, a "descomplexização" das coisas.
As relações sociais, políticas, econômicas, religiosas e culturais são cada vez mais complexas e interligadas, numa relação em que o singular e o plural são percebidos e sentidos o tempo todo. Não existe nada fácil, mas o mundo moderno, e pós-moderno, nos trouxe algumas facilidades que permintem as pessoas deixarem de refletir. Afinal, o exercício de reflexão é muito pesado, complicado e difícil, é mais facil perguntar. Não sei se estou conseguindo ser clara, mas o que vejo na nossa democracia das coisas simples é que está tudo tão disponível que as pessoas não precisam mais pensar como se liga uma máquina, basta seguir as setas, e se a setas não indicarem o caminho eu procuro alguém que já tenha feito e ele/a me esnina ou faz no meu lugar.
Ainda temos muito que relfetir sobre a nossa consciência democratica, até eu preciso ler e reler sobre esse assunto, pois sei que ainda tenho muitas dúvidas sobre as questões que envolvem o céu, a terra, a água e o ar, e como essas são questões perenes, tenho a certeza de ter nascido na época certa. De resto, só me "resta" agradecer os mais de 500 acessos, até o próximo texto.


Simone dos Santos Borges