quinta-feira, 1 de março de 2012

O Facebook!!!!

Saoara Sotero Nunca vi tantos casos de homofobia aqui no face como agora no pós carnaval! Pra mim é coisa de gente que passou os 5 dias chupando dedo depois de comer algodão doce e tá se roendo pq teve gente que conseguiu arranjar alguém! Frase postada no Facebook no dia 24/02/2012 

Tenho observado as declarações das pessoas no Facebook e confesso que tenho ficado chocada com algumas delas, pois são pessoas que se intitulam esclarecidas e as vezes até como pertencentes a uma intelectualidade privilegiada. Admito que esta é uma ferramenta de comunicação em tempo real absolutamente fantástica, na minha concepção é a melhor de todas as ferramentas de comunicação e interação social virtual da atualidade.

Porém, apesar da possibilidade de viver a realidade social de maneira virtual, percebo que as pessoas que fazem parte dessa rede ainda reproduzem conceitos conservadores de uma sociedade normativa e alienada, com isso não quero fazer generalizações, dizer que todos os participantes do "face" são alienados, já li matérias jornalísticas e estudos científicos interessantíssimos que não circulam em outros meios de comunicação como nessa maravilhosa rede.

Fico preocupada com declarações de pessoas que gritam: "Sou contra a homofobia", mas "aquela mulher lá do BBB provocou o cara e agora diz que foi estrupada, a errada é ela". Ou ainda levantam a bandeira contra o preconceito e incitam o mesmo contra as gordas, os "feios", assim nomenclaturados por não se encacharem num dado padrão de estética, gays, lésbicas, sujeitos trans. e qualquer outra espécie humana que não estejam nesse padrão normativo de sociedade conservadora e moralista.

A bola da vez agora é a deputada Mirian Rios que fotografou usando uma camisa escrita "Todos contra o sexo anal". O interessante é que, quem assina a foto o faz como "pseudoverdade", não estou aqui defendendo a ideia vinculada na camiseta, pois tenho várias leituras sobre ela, e a mais obvia é "todos contra a homossexualidade", tendo em vista (opinião de censo comum) que este é o público quem mais pratica essa modalidade sexual. Além disso, quando se pensa em um dia de luta contra a dada modalidade sexual, esta se pensando em um dia para que os ataques frenéticos, insensatos e irracionais dos jovens filhos da classe média branca brasileira, denominados "playboys", contra gays seja legitimo. E isso, é só uma das possibilidades.



Paro e penso, será que devo acreditar numa foto em que o artista responsável assina como "pseudoverdade"? Talvez não fosse mais prudente começar a refletir que esse espaço de interação social virtual transforma literalmente aquele que era privado e intimo em público? E que uma vez manifestada a opinião íntima, não há mais como retroceder? Já dizia Brudel: "uma palavra escrita, um documento".


Assisti ontem (29/02/2012) ao filme "Dama de Ferro" e a frase do filme que mais me marcou foi quando Margaret Thatcher diz: "o problema da minha geração se adaptar a nova realidade é que esta é uma sociedade preocupada com o que sentimos, e minha geração vem de uma sociedade em que a preocupação era com o que pensamos". Entendo as necessidades emocionais, porém devo admitir que nesse quesito falta, um pouco, pra essa nova geração o exercício da reflexão, por que só é possível refletir quando se pensa e não quando se sente.

Sentir e apenas sentir, nos torna na maioria das vezes individualistas, pois primeiro sempre vai vir o bem estar pessoal, só conseguimos ajudar o outro quando estamos bem conosco, esse é o ponto de pauta. Porém, entendo que quando pensamos chegamos a alteridade e deixamos de fazer pelo individuo e passamos a fazer pelo bem estar coletivo. Acho que isso é o que falta, se A ou B fez sexo anal ou deixou de fazer não me interessa, mas se A ou B produz algo que melhora a vida da humanidade isso é importante, deve ser valorizado, prestigiado, homenageado.


Debater é algo produtivo, ter opiniões diversas é necessário, mas refletir sobre o que se discursa deve ser um exercício constante, isso me faz lembrar de Karl Marx quando ele diz que "não é a consciência que muda o ser, mas o ser que muda a consciência" uma vez que quando agimos impulsionamos nossas mentes a transformações possíveis apenas por conta desse exercício constante de reflexão.

Então cuidado meus caros e minhas caras com o que postam no "face", como gostamos de chamar, pois ele reflete suas atitudes individuais que impactam na realidade social concreta.

Simone dos Santos Borges