quinta-feira, 28 de março de 2024

Reflexões de uma formação continuada de caráter eleitoreiro

Recentemente venho refletido sobre: como o capitalismo tenta cooptar pessoas e intelectuais? Diante da questão, na manhã de ontem (27/03/2024) concluir quê:

1- A liderança das escolas em sua maioria é executada e exercida por mulheres, brancas. Ao menos no espaço social e geográfico onde me encontro. De certa forma as enxerguei naquele contexto, como sendo mulheres conservadoras, algumas de elite. E, tal observação diz muito do coronelismo vigente no espaço que hoje leciono história. Penso que essa é uma excelente questão de pesquisa. Mas, tenho mais questões sobre a realidade que vivenciei e vivencio: Será que aquelas colegas professoras tem noção do que significa letramento de classe? Por que de raça, a primeira vista acredito que não. E assumo aqui uma leitura social, bem preconceituosa de minha parte, daquelas mulheres.  

2- Precisamos pensar o ensino de história para além das metodologias didáticas. Sim, tentar descortinar para os sujeitos sociais e históricos que aprendem sobre a ciência histórica na escola, a materialidade e os usos cotidianos da ciência. Pois, nas várias falas ditas no "evento de formação continuada de caráter eleitoreiro" a produção de material didático atrelada aos usos das tecnologias digitais foram ilustrados com todas as ciências, menos a história. Então pensei, será que os presentes aqui não se percebem enquanto sujeitos e atores das suas histórias e, portanto, participes da história coletiva e civilizacional? Não compreendem a materialidade da história nas ações cotidianas do individuo? 

3- Por que chamei o evento, sobre o qual apresento essas reflexões de "evento de formação continuada de caráter eleitoreiro". Porque, foi impossível não refletir a ideia da necessidade do lançamento de um projeto de criação de parceria público privada na educação em final de gestão governamental, a partir de três categorias: obra eleitoreira; a educação como política pública de governo e não Estado; simulacro de gestão política. Sobretudo, quando a autoridade em educação popular é preterida no discurso pelo dotado em notório saber. 

4- Do que sempre costumo escrever: se não há justiça social efetiva, a equidade jurídico civil é um simulacro perverso, o qual empurra as pessoas pobres ao ciclo vicioso da permanência no status quo social e na condição de marginais e excluídos das esferas decisórias da cidadania política e econômica em plenitude.    

5- A mais perigosa das imposições de representações de práticas culturais de um grupo sobre outro, sob a ótica da História Cultural. A educação escolar como atributo ideológico, torna-se um instrumento poderoso na exclusão, opressão e marginalização dos sujeitos sociais que figuram as classes populares e/ou chamadas de subalternas, pois, tal uso, confere ao direito social o estigma da benevolência. Retirando dele (direito social) as lutas engendradas por atores sociais marginalizados do e no seu lugar de existência e permanência. São, sim, como diz E. P. Thompson, conflitos costumeiros de classe. 

Simone dos Santos Borges 

Historiadora e Cientista Social