domingo, 18 de outubro de 2015

15 de Outubro

São sempre os mesmos dizeres, as mesmas felicitações "professores tem em suas mãos o poder de mudar o mundo". Hoje, me questiono sobre a veracidade dessa afirmação, pois se o(a) professor(a) não é mais o detentor do saber, como este profissional inserido em um dado contexto social, pode ser o precursor da mudança global? Para mim, esse discurso cai em um tradicionalismo viciado do "eu mando você aprende".

Ora, como historiadora e cientista social, sempre que analiso a sociedade, em suas diferentes épocas e contextos, identifico como agentes sócio-históricos  os diversos indivíduos, imbuídos de suas tradições e culturas, então por que devo pensar/acreditar que somente os professores tem o poder de mudar o mundo? Foi no campo das artes que a humanidade enfrentou e passou os principais momentos de rupturas sociais e de pensamento, que o diga o Renascimento Cultural ocidental do seculo XVI para universalização da escola e da profissão professor, antes disso, só haviam filósofos, em se tratando do mundo greco-romano, e mestres de ofício, pensando na Europa medieval.

Numa sociedade com base no pensamento de Platão, talvez sim, os(as)  professores(as), se os consideramos os(as) filósofos(as), sim, pode ser que tenham a capacidade de mudar o mundo, isso pensando na teoria platônica que toda a sociedade deve ser morta, deixar apenas as crianças de cinco anos, e os filósofos responsáveis por educar e organizar a sociedade. Responsabilidade demais para essa profissão, claro que não nego a capacidade visionária da profissão professor(a) em relação a outras, mas penso os diversos elementos sociais que permeia a formação do individuo, o professor é um individuo como outro qualquer.

Das outras frases que li ou vi felicitando os(as) professores(as) estava presente a ideia de que somos em maioria homens, mas não somos em maioria homens.

      

Somos maioria de mulheres e negras, por isso a (des)valorização social, que impacta na financeira. Com isso não quero dizer que a Educação não viva uma crise, uma vez que as sociedades se questionam "o que é educar", muitos confundem com didática, mas esta última é método e não educação. 

Pensando sobre o que escrever aos colegas professores(as) em nosso dia, penso que desejo e concordo com a frase "que um dia nosso salário seja compatível ao de um deputado", pois nesse dia a demanda de gênero haverá sido superada, não apenas na educação, mas em todos os campos profissionais. 

Portanto, PROFESSORAS, o dia  de outubro, deve servir para o fortalecimento da classe, é preciso deitar fora a ideia da "tia", daquela que é quase uma mãe, ou ainda que é obrigação da professora ser a psicologa, ou aquela que ensina tratos domésticos. É preciso pensar a profissão em suas diretrizes e bases legais, precisamos também refletir sobre a ciência educar e não no ato. 

Foram essas reflexões que me fizeram abandonar o uso do termo "educadora" ao me referir a minha profissão, pois é isso que tenho, uma profissão que nada tem haver com missão ou vocação, foram entre cinco e dez anos de formação acadêmica e prática, para hoje abandonar a ciência e assumir uma exegese vocacional irracional, pautada em amadorismos e achismos sobre o que "ensinar", função do(a) professor(a).

O dia 15 de outubro deve ser pensado do ponto de vista da classe, sim pois falta aos professores(as) essa conscientização, o olhar da profissão em sua dimensão política, sairmos da inércia dos projetos carnavalescos imputados por coordenadoras pedagógicas que nem sabe o que estão fazendo na escola, por que nunca sentaram-se no banco das universidades, isso em se tratando de escolas privadas de médio e pequeno porte, para agradar o cliente, e sim saliento que é preciso tomar atitudes politicas, no sentido etimológico da palavra politica. 

Agora vão pesquisar! 


Simone dos Santos Borges
Historiadora e Cientista Social. 





Preciso escrever para (des)enlouquecer!!!!!




Vejam só as histórias de hoje:

Me preocupo com as coisas, os rumos e as ações que se aviltam nesse país. Hoje me deu um ódio tremendo, desse maldito imaginário coronelista, paternalista, patrimonial e colonial que "os brasileiros" possuem.

Na nossa "tosca" democracia, o que temos é uma liberdade cerceada em que o "grande capital" é quem manda, e gente como eu que tenta sonhar "a casa própria", "o carro", "as viagens" e outros sonhos "burgueses" precisam continuar sonhando, ou quem sabe na ignorância, que devo admitir se eu vivesse nela, estaria feliz e menos preocupada com a "crise" do Brasil, a qual acredito que ela, agora, real.

Os anúncios feitos ontem (15\09 - cortes de verbas nas instituições e setores estratégicos da economia) me deixaram muitíssimo preocupada com os rumos do país, o qual ao longo de sua história nunca se mostrou tão conservador e intransigente.

Uma elite maldita, que não gosta de pagar impostos desde os tempos áureos da colonização, e que fica sobrecarregando a população de baixa de renda nesse quesito, e ainda insufla, os que não tem a menor noção do funcionamento da burocracia brasileira, a se rebelarem quanto a legitimidade do nosso sistema democrático.

Agora vamos raciocinar rebanho de peste, em bom "nordestinês", se esta zorra não fosse uma democracia, será que a oposição ao governo estaria tão claramente arquitetando um golpe de Estado, o qual o maior dos leigos em ciências politicas, consegue identificar, assim tão clara e descaradamente?

Enfim, enquanto a mídia nacional ressalta o drama dos refugiados na Síria, vamos revivendo nosso 1962/63, em que as nossas elites, mas uma vez querem o fim do "governo do povo", afinal nossa elite não é, nunca foi e nunca será "povo", como diria Cazuza: "enquanto houver burguesia, não pode haver poesia".

Simone dos Santos Borges
Historiadora e Cientista Social