sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Cansada de conviver com homens que ficam vermelhos enquanto mulheres fazem força.

 Pois então, esse texto talvez parece um desabafo, mas não é. Para ficar bem claro do que se trata é uma constatação da realidade centrada nas relações sociais que engendramos na vida social. 

Ah, e eu devo dizer estou mais do que cansada como propus no título, estou mesmo é farta e quase a ponto de dá uma da louca feminista e sair por aí agredindo verbalmente tudo que é macho escroto. E a propósito os machos, principalmente os do mundo da educação escolar e universitária, são tudo escroto, generalizando mesmo, quem sabe assim eles entendam e parem de fingir ser o que não são.

Antes de dizer por que eles são escrotos, vou colocar aqui a lista de tarefas de uma mulher diariamente independente da profissão e da pandemia, segue a lista:

Tarefas domésticas - vamos esclarecer o que são: lavar, passar, cozinhar, limpar, fazer mercado, limpar, lavar, passar e cozinhar, tirar poeira, e uma infinidade de coisas numa casa que homens não fazem, as vezes eles nem jogam o papel que embrulha o sabonete no balde do lixo. 

Trabalho Fora - esclarecendo, o trabalho fora é a mulher no mercado, que na maioria das vezes da conta de tudo que esta relacionado acima, e mais as demandas da empresa que trabalha, onde tem um bando de macho escroto que não faz nada do listado acima, e ainda desqualifica, assedia, maltrata e encosta ou se apossa do produto desenvolvido por essa mulher como se tivessem participado e ou ajudado a pegar ao menos a água para ela beber, quando eles não fazem é nada. 

Filhos - A casos de mulheres que são mães e, além de tudo acima descrito, precisam cuidar da saúde, alimentação, educação doméstica e escolar, e cuidado com as crianças, aí os machos escrotos dizem, mas foi ela quem escolheu. O problema é que eles os machos escrotos, que são todos os homens, generalizando mesmo, não assumem nada disso sem ter uma mulher por perto para lhe dá suporte.

Feminilidade - querem que as mulheres sejam magras, de cabelos sempre lisos (isso que quer dizer impecável), sempre com roupas limpas, novas e malhadas de academia. Quando nos entregamos ao cansaço da rotina descrita acima somos tachadas de preguiçosas e desleixadas. 

Nada do que escrevi aqui é novidade para as feministas seja elas do tipo que forem, chega até a ser clichê e discurso batido em alguns nichos. Mas, ando na pegada da revolta, por que se os machos escrotos, até os estudiosos do gênero sabem, por que essas "pestes" não fazem nada para mudar?

Fica um bando de homem por aí arrotando "estou fazendo um curso na pandemia, aproveitando para me qualificar", pergunta a esses idiotas quantos deles lavam a máscara que colocam, quando colocam, na cara quando saem do isolamento, sem ter sido lembrado pela mulher que vive com eles? Quantos estão lavando, passando, cozinhando, tirando o lixo para fora, cuidando de filhos e trabalhando no home office ao mesmo tempo? Pergunta para eles, quando foi a ultima vez que estenderam uma roupa no varal ou lavaram a privada que, ainda tem a pachorra de errar a mira na hora que mija e sujam o chão todo, eles limpam por dia?

Então caro colega de trabalho esse texto é para você que fica pongando na sua colega mulher, para fazer aquilo que você por incompetência deveria fazer melhor do que nós e não faz, por que não é qualificado para sobreviver sem uma mulher lhe dizendo que precisa limpar a bunda, se não pega doença e fica fedendo. 

Você que ainda se vale do ditado "por trás de uma grande homem sempre tem uma grande mulher", começa a se perguntar idiotinha de plantão, quantas mulheres se apoiaram em um homem para conseguir ser grande? Acredite, toda mulher bem sucedida está sozinha, e não é só por que vocês tem medo de nós, é por que nós não temos paciência para vocês. 

Melhorem, e parem de bufar e gritar todas as vezes que uma mulher colega você no seu lugar quando te diz, não quero, não vou fazer, trabalhe por sua conta e crie seus próprios produtos, não esperem que uma mulher faça para você ficar vermelho, por que algumas de nós mordem, eu sou uma delas. 

Se a carapuça do texto lhe serviu de alguma forma vista, por que a intenção é exatamente essa. 

Fiquem bem e em casa se assim der, até a pandemia passar. 

Abraços calorosos e raivosos,

Simone dos Santos Borges 

Historiadora e Cientista Social.   


  

 

domingo, 3 de maio de 2020

Identidade

O que essa pandemia tem me ensinado, é que em se tratando de Brasil, são tantas lutas diárias que temos que travar que me sinto cansada.
Hoje entendo quando alguns teóricos dizem para que nos foquemos apenas em uma luta, por que ela já é árdua demais, nesse caminho de isolamento social forçado, tenho percebido que os brasileiros e brasileiras não irão melhorar, a extrema direita será sempre esse lixo que ela é, o centrão será sempre um bolsão de troca de favores, a esquerda permanecerá perdida por muitos anos. Ah! E a sociedade civil continuará apática e amorfa defendendo interesses personalistas e costumeiros, privilegiando-se da opressão daqueles que os carregam nas costas, ou seja, dos trabalhadores.
A pandemia me faz pensar que devo continuar em uma única luta, que é pela educação básica escolar pública mantida sim pelo Estado, e pelo que venho lendo, federalizada. Ou seja, sobre a responsabilidade da União. Essa será minha única luta, com isso estou abandonando as outras, mas vou continuar sendo mulher, pobre, trabalhadora e da periferia, porém essa luta vou deixar para outras e outros.
Vou focar na educação fazendo a única coisa que sei fazer, pesquisar, escrever, publicar e apresentar (divulgação cientifica), seja na sala de aula onde atuo com minhas crianças, adolescentes, jovens e adultos ou em revistas, blogs, redes sociais, dentro dos ônibus ou em outros meios de informação quaisquer.
Por que sou Professora, e como professora não tenho missão ou vocação, tenho compromisso social de transformar qualquer espaço em sala de aula, pois a sala de aula é o espaço por excelência do exercício da dialética, da troca e da produção do saber, e para isso não é preciso estar dentro dos muros de uma escola.
Diante da atualidade brasileira, precisamos de professores e professoras que defendam a escola pública sim, mas para isso será preciso educar para a escola e isso não se faz de dentro do muro. É preciso ensinar a nova geração de professores e professoras sobre o papel social e político que eles tem, sair do lugar de terra arrasada, em que nos encontramos dos baixos salários e do desrespeito social da profissão, também, não sei como fazer isso ainda, mais é preciso fazer.
A história da educação tem me mostrado isso, sempre enquanto profissão estivemos na vanguarda do desenvolvimento desse país, mas temos sido constantemente silenciados, temos os meios de acesso ao conhecimento, não do conhecimento em si, mas como chegar a ele de como produzi-lo, no entanto, hoje estamos submetidos a meros reprodutores de livros didáticos competindo com sites de pesquisas variadas,vamos sair disso, é difícil eu sei, mas pega essas ferramentas tecnológicas todas que estamos usando para continuar reproduzindo, por que estamos sendo forçados e isso, e façamos uma revolução na forma de ensinar, quebremos a internet.
Vamos nos unir para repensar a profissão professor e professora nessa pandemia, e não simplesmente ficar reproduzindo uma sala de aula a nossas custas e sob o julgamento de pessoas que na maioria dos casos só querem o status de dizer "pago escola particular para meu filho e ele esta tendo aulas pelo computador", paremos de nos torturar e torturar essas crianças, isso não é ensinar e muitos menos aprender. Isso é tortura e faz de conta.
A escola não pode ser apenas um status, ela tem que ser mais, a educação tem que ir além da preparação para vitória do dinheiro, é preciso usar esse ciência para preparar pessoas para serem pessoas, e não apenas indivíduos egocentrados.
Enfim, ainda há muito sobre o que quero falar e escrever, mas vou deixar para outros dia.

Simone dos Santos Borges
Professora, Historiadora e Cientista Social.

sexta-feira, 20 de março de 2020

O que tem levado o Brasil a uma situação de calimidade?!

Em tempos de Covid-19, tenho pensado muito nessas questões: afinal o que tem levado o Brasil a situação de empobrecimento generalizado e risco de dizimar boa parte de sua população? Será que o povo brasileiro esta realmente retrocedendo?  Há realmente uma onda de "imbecialização" em curso? Por que no resultado das últimas eleições presidenciais, foi eleito um ser, que agora sem partido, mesmo antes não tinha projeto para a nação?

Certo dia minha sogra, após uma fala minha sobre o covid-19, me perguntou o que uma doença tem haver com política? A inocência por trás da questão não é presente somente nela, tenho visto muita gente perguntar sobre isso, o que faremos dentro de casa, se não sairmos para trabalhar, como vamos sobreviver? 

A resposta do governo brasileiro foi na contramão de outros líderes mundiais, de acordo o que tem dito alguns meios de comunicação, os políticos brasileiros disseram, "olha para não ser demitido, você vai para casa e eu corto seu salário pela metade, se você é autônomo te pago uma bolsa de 200 reais, ou na máximo R$300,00 e tudo resolvido, socorreremos o empregador, das multinacionais e conglomerados, ele precisa mais do que você, pois ele tem que manter seu emprego (dentro de relações precárias)". 

Tem uma música de Gonzaguinha "comportamento geral" que é muito significativa para pensar a questão junto com outras variáveis. Primeiro me pus a pensar o que é calamidade, recorri ao dicionário, que me apresentou dois conceitos: 
  1. 1. grande perda, dano, desgraça, destruição, esp. a que atinge uma vasta área ou grande número de pessoas; catástrofe.
  2. 2.
    FIGURADO (SENTIDO)FIGURADAMENTE
    grande infortúnio ou infelicidade pessoal.

Acredito que ambas explicam o Brasil dos últimos 4 anos, tendo em vista que penso ter começado essa calamidade em 2016 e o alinhamento político econômico com esquemas ultraliberais que foram surgindo no mercado financeiro internacional antes disso. Ao mesmo tempo na relação material da cultura que sempre esteve presente em nossa elite política e econômica que Jessé Souza chamou de "a elite do atraso". 

E então como a música, as questões e as ideias que venho apresentando se articulam, na minha leitura de mundo é simples, perversidade, numa leitura mais atenta de Gilberto Freyre, é assim que ele vai descrever culturalmente e psicologicamente o povo brasileiro em "casa grande e senzala", não vou debater aqui os pormenores da teoria dele, mas penso em algo que muito discuti numa das primeiras disciplinas do mestrado que fiz "cultura e sociedade brasileira". 

Foram tantos anos de normalização de uma ordem social estamentária e escravagista que os brasileiros, ricos e pobres, livres e escravos se acostumou com a perversidade do regime, e quando as bases republicanas foram instaladas pensou-se a cidadania de alguns e a exclusão de outros sujeitos, analises como essa é impossível deixar de fora para pensar o Brasil, seja de ontem ou de hoje. 

E quando Gonzaguinha analisa em sua canção "comportamento geral" vejo muito das teorias de formação da sociedade brasileira presentes. E, a aceitação calada da população que depende do salário mínimo para sobreviver se torna justificável. Dizem muitos por aí, até eu de vez em quando, é a ignorância, o povo brasileiro é um povo ignorante. Mas penso, será que é mesmo? Ou é um povo que se acostumou com as migalhas, para um dia deixar o estamento do oprimido e assumir o estamento do opressor, tendo em vista que somos assim educados a mais de 500 anos?

Parece que os questionamentos para pensar o Brasil nunca se encerram, estou aqui nessa escrita livre-reflexiva e pensando, será que a estratégia do governo brasileiro em cortar os salários dos mais pobres para pagar a conta do ricos, classe social em que o surto pandêmico começou aqui, é a estratégia pensada pelo mesmo para manter os estamentos como deseja a nossa "elite do atraso" de acordo Jessé Souza, é estrategia política para não cair diante dos "panelaços" como caiu a antecessora?

Afinal o que deseja a classe média brasileira, é ser um país progressista ou conservador? Isso tá começando a confundir minha cabeça e as leituras que tenho feito, por que quando penso que a raiz do humanismo e do humanitário é presente nos debates atuais, sobretudo após Covid-19, vejo a impressa e os interesses políticos do capital privado chamar os recursos públicos de contenção da doença de "gastos" e a vida humana se reduz ao preço do dólar e a especulação das bolsas de valores. 

Sim, acredito na força política do amor e da fraternidade entre os povos, mas em se tratando de Brasil, ainda não consigo ver a humanidade ser escolhida em detrimento de interesses comerciais e daquela perversidade naturalizada e enraizada na cultura material que faz os "cidadões" (errado assim mesmo) comprar três carrinhos de supermercados de álcool em gel, enquanto moradores em situação de rua e favelados não tem nem saneamento básico essencial. 

É burrice da classe média brasileira que se pensa elite e não se assume classe trabalhadora? Ou fruto da estupidez humana bastante ensinada para consolidar os capitalismo ultraliberal das últimas décadas?

Parece que saio desse texto com mais questões do que entrei nele, segue a música de Gonzaguinha. 

https://www.youtube.com/watch?v=Cokqqpb8fCE 

Simone dos Santos Borges 
Historiadora e Cientista Social 

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Acordei querendo escrever...

Acordei querendo escrever, não sei ao certo o que, mas cheia de vontades e de pensamentos, em traduzir os sentimentos em palavras. Quando criei esse blog imaginava que ia ser escritora de crônicas, mas hoje relendo os textos, vejo que ele se traduz em um diário reflexivo, que muito tem ajudado a entender quem sou nesse mundo social chamado realidade concreta, inclusive a reconhecer minhas bases teórico epistemológicas.

A muito venho falando sobre golpes, ditaduras, fundamentalismo, autoritarismo, sobre medos, hipocrisias, falta de ética, educação escolar e doméstica. E relendo os escritos que deixei aqui me pergunto até que ponto sou aquilo que critico nas reflexões que venho fazendo? Será que carrego as características culturais de costumes os quais as vezes eu mesmo repúdio? E penso que sim, afinal foi nessa sociedade que cresci e experiencio tudo que vivencio.

Mas quero ser melhor que isso, então faço esse exercício reflexivo constante que ainda assim, tem sido alvo de diversas criticas ao longo da vida, como mulher se sou incisiva é traduzido como ignorante, e  quantos vezes já ouvi isso que perdi as contas, e teve um tempo que acreditei, até que um dia um desafeto meu, a quem sempre chamei de cara de coruja, por que ela parece com uma, me disse: "seu problema é seu jeito", e fiquei me perguntando por quase três anos o que é que tem no meu jeito que ele é um problema?

Ai numa conversa com uma amiga ela reproduziu a fala de um homem super machista sobre mim e disse: "que eu era intelectualmente arrogante" e, por fim um aluno que plagiava metade dos seus textos de trabalho, disse que tomasse cuidado com as exigências na correção dos trabalhos acadêmicos, que isso, fazia de mim uma professora chata.

Tais questionamentos sobre minha personalidade forte, decisiva, assertiva e firme em convicções éticas, morais e intelectuais, me fizeram sofrer por muito tempo, afinal não sabia como deveria me comportar para ser aceita nos mais diferentes espaços, afinal deveria deixar de ser quem sou? Abandonar meu ethos? Aí, me passei a analisar a frase seguinte após todas essas críticas, você tem um rosto delicado de fragilidade, seu jeito calmo de falar mostra que você é frágil e delicada, então sua personalidade deve demonstrar fragilidade, portanto, o que essas pessoas diziam é que minha aparência não condizia com minha personalidade.

Solução que encontrei para acabar com esse sofrimento, primeiro confiar em mim e na minha expertise ética, moral e intelectual, segundo assumir meu corpo (fora dos padrões, não sou magra) por que não aceitar minhas característica físicas fazia de mim uma pessoa insegura, confiar que na condução da minha vida fiz escolhas certas e erradas como qualquer ser humano faz, afinal de contas é isso que nos torna humanos, refletir antes tomar decisões que me causam sofrimento, e não tomar decisões enquanto ainda estiver em estado de sofrimento, e, principalmente, não abandonar nunca, jamais, o meu ethos.

O que me ajudou a chegar a conclusão acima, foi assistir programas de moda, de como fazer sua roupa refletir você, e passei a seguir alguns daqueles concelhos se assim posso dizer, e aí na ultima terça-feira uma aluna, nova querendo desvendar quem é a professora falou sobre minha aparência, sobre minha forma de ser no mundo, e não é que minha aparência finalmente reflete minha personalidade. Fiquei feliz ao saber disso, por que me ajuda nesse caminhada de ler e escrever sobre o mundo, que me fizeram pensar em política, e escrever sobre isso, que parece não ter nada haver, com o mundo real concreto.

Mas, a pauta das identidades tem sido um pouco desacreditada por aqueles que tem a ideia de que só lutas coletivas podem resolver as desigualdades geradas estruturalmente para manutenção dos sistemas de poder. Penso, que se não chegar primeiro ao significado do átomo (individuo), nunca chegaremos a matéria (coletivo), por isso, está em constante reflexão sobre si e o mundo a nossa volta nos permitirá pontuar lutas coletivas realmente sérias, dotadas de alteridade, por que, somente conhecendo-se a si mesmo, como diria Aristóteles, acredito que algumas pessoas poderão através da compreensão de sua individualidade enraizar lutas coletivas.

Estava muito triste, deprimida e pessimista com os rumos do Brasil, mas quando vejo a esquerda radical, chamar a atenção da esquerda moderada e da direita a suas reflexões, a enxergar a obviedade dos absurdos dos últimos tempos, vejo avanços em meio aos retrocessos, exemplos de como enxergar o ruim por outras óticas, nunca a violência policial nas periferias foi denunciada como tem sido agora, está cada vez mais claro o desmonte das instituições e da política de Estado necrófila e entreguista que ganhou as últimas eleições, e da tentativa de instituições religiosas de ascenderem ao poder para fundar seu Estado, e as pessoas das mais letradas as mais simples tem estado diante dessa contraditoriedade, assim, como o machismo que mata as mulheres o tempo todo, e outras situações vexatórias a esta sociedade que se pretende moderna e progressista através do conservadorismo paternalista, que foi convidada a sair do armário com suas convicções.

Assim, o racista precisou assumir o racismo que carrega dentro de si, assim como os machistas, os intolerantes religiosos e os homofóbicos, e todos aqueles que odeiam minorias tiveram que sair do armário. Vivemos um tempo em que dualismos não são mais admitidos, relativismo muito menos, ou você assumi seu lugar no mundo, seu ethos, ou será taxado, e terá que aguentar o que eu aguentava, por me deixar refletir algo que não era. Falei de mim, para pensar o genérico da sociedade que vivo, me coloquei como metáfora, de uma sociedade que dá nojo, por que lê o mundo, mas não aprende com seus erros, ainda vive dentro de suas mascarás e de que não quer assumir o quanto ela é ruim.

O otimismo, do qual fui tomada é exatamente esse confronto o qual nossa sociedade se encontra,  essa polarização tem trazido a tona histórias identitárias negadas de uma nação que se construiu em cima da perversidade, da expropriação e exploração, e de mazelas sexuais que beiram o sadismo, e quando a turbulência passar essa sociedade não será a mesma. Como ela será, impossível saber, por que, os verdadeiros arrogantes intelectuais, são aqueles que não permitem que os contrários falem, e existam, tentando padronizar inclusive as contradições dos que nos torna humanos, por isso, tenho mudado a tristeza dos primeiros anos de percepção da realidade autoritária que insurgia para começar a ver luz no fim dessa estrada, afinal "ninguém mergulha na mesma água do rio duas vezes".

Simone dos Santos Borges
Historiadora e Cientista Social